segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sobre o gesto - 19.09.10

A conversa esses dias tem sido acerca do gesto. O encontro de uma peculiar qualidade de movimento com sua existência espaço temporal em determinado contexto escolhido, nesse caso o Largo do Machado e seu redor.Atentar ao cotidiano,às diversas dinâmicas que habitam esse espaço específico em um minucioso exercício de observação e relação.


É nesse cotidiano que existe o gesto e é também nesse lugar que se podem reconhecer diferentes maneiras do que esse cotidiano habitualmente compreendido como banal, comum, normal, poderia vir a ser. As definições buscam caminhos para apropriar-se de algo que talvez seja impossível de ser apropriado, que só existe se vivido. Um movimento que a partir do momento que passa a ser considerado coisa, perde suas potencialidades de ser e exaspera uma artificialidade que não cabe no seu acontecer.


A etimologia dessa palavra ressalta aquilo que é de todos os dias. O que é de todos os dias senão a própria vida?


É nesse observar o dia a dia e perceber-se ao mesmo tempo dentro dele, que aparecem possibilidades de se trabalhar o gesto que pode comunicar uma poética da praça. Através de estratégias que vão sendo criadas e experiênciadas uma certa qualidade pode emergir e falar sobre si mesma.


Nesse sentido, essa qualidade comunica um gesto que não desaparece no “normal” do cotidiano, nem tampouco salta para fora do contexto de seu acontecimento. É um gesto que está em seu lugar e se possibilita enquanto acontecimento ao evocar contextos e presenças que habitam o espaço entorno.


Uma estratégia possível de acessar esse lugar do gesto é a vivencia interessada na mudança das atenções que ocorrem em nosso corpo a cada instante. Se me permito observar o caminho dessas atenções, ou como a luz que muda no chão imprime um deslocamento espacial em massa das pessoas que habitam esse entorno para a sombra ou em como o vento que sopra nessa direção indica em meus pelos a direção de um braço que levanta, posso vivenciar um estar que imprime algo mais, uma escuta, um estar com, um como.


Assim, o gesto de banal torna-se comum. Um movimento de reconhecimento das possibilidades de jogo com os movimentos que lá já estão, com as dinâmicas que somente ali aparecem, com as temporalidades específicas daquele espaço. Tudo cabe nesse gesto que ultrapassa essa fronteira em que não é mais de ninguém, mas ao mesmo tempo ainda pertence a todos. É possível reconhecer nessa dança do gesto, a velhinha, o pombo, a textura do asfalto e a luciana que fala de todas essas coisas, sendo essas coisas, mas continuando a ser luciana.


O gesto não comunica algo fora dele, mas sim à ele mesmo, e aí é possível reconhecer o que o torna especialmente comum. Ser comum, por habitar esse movimento comum. Ser comum por estar em mim e em todos. Ser comum por que cada um no seu fazer pode acessa-lo de sua maneira, imprimindo uma peculiaridade reconhecível em qualquer um, mas que nesse momento é através de um corpo que se fala a si próprio.


Isso é dança.

Luciana Chieregati Costa


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

nomes e símbolos


"A cidade nos mantém sob o seu olhar, que não se pode suportar sem vertigem", moradora de Ruão citada por Michel de Certeau, pg 170 Caminhadas pela cidade

sábado, 11 de setembro de 2010

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COREOGRAFIA PARA PREDIOS, PEDESTRES E POMBOS


Colaboração entre a coreógrafa Dani Lima, a cineasta Paola Barreto e uma equipe de 20 artistas e técnicos. O projeto consiste em uma série de “interações coreográficas camufladas” realizadas por 11 bailarinos/atores nas imediações do Largo do Machado. Estas intervenções serão gravadas e as imagens serão transmitidas, em tempo real, para o oitavo andar do Instituto Oi Futuro, onde serão editadas e sonorizadas numa performance de “cinema ao vivo”.

De 21 de outubro a 13 de novembro

Horários: quintas e sextas às 17h, sábados às 15h

Em cena: Alice Ripoll, Ana Pi, Átila Calache, Eléonore Guisnet, Ginema de Mello, Ibon Salvador, Juliana Medella, Luar Maria , Luciana Chieregati, Thiago Gomes e Tony Hewerton

Ficha Técnica:

Concepção e direção Coreografia: Dani Lima
Concepção e direção Videoinstalação: Paola Barreto

Assistente de Coreografia: Laura Samy
Editor de Vídeo: Alexandre Antunes
Som: David Cole
Câmera: Thiago Britto e Guilherme Guerreiro
Pesquisadora: Poliana Paiva
Design Gráfico: Lola Vaz
Diretor Técnico: Carlos Alexandre Moraes
Rede de Vídeo: Facilink
Assessoria de Internet: Luciana Paiva
Direção de Produção: Verônica Prates
Produção Executiva: Isa Avellar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

referências

Referência enviada por Átila para diálogo entre quadros:


Referência enviada por Paola para reverse e cftv composition:


Referência enviada por Alice para reverse:

domingo, 5 de setembro de 2010

un dia


era isso um paraíso doente no que se agrupava encima, entre as divisões das pessoas, as cores ou a musicalidade das folhas roçando o chão levadas pelo vento. que vento? um homem levanta levemente a perna para dar o seguinte passo e aí linha de fuga, todos se haviam sentado, todos não, mas uma pausa repentina, um odor a milho, o cruzar kamikaze das pombas. fonte sem água. tudo volta a caminhar, um erguer se rápido, outro débil, fluxos de quatro a sete pessoas entram e saem do metro. alguma pausa para se preocupar, alguém olha para sorrir e gaivotas planam lá encima, num outro tempo, talvez espreitando esta mesma praça, baixando para o mar ou subindo na nuvem, tão sós fazendo grupo, lá no alto como nós na praça, igual e diferente. me deitei de braços abertos e voei com elas sobre o concreto.

ibon salvador

sábado, 4 de setembro de 2010

cronograma

semana 2 - fecha pesquisa / gravação imagens 2

semana 3 - processa pesquisa > roteiro / gravação imagens 3

semana 4 - gravação entrevistas / gravação imagens 4

semana 5 - gravação time-lapses / prep. sons / prep. imagens

sexta-feira, 3 de setembro de 2010