sábado, 9 de outubro de 2010

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"Aqui assumimos a experiência como um percurso, que em sua duração, possui um começo e uma conclusão. Pensada assim como uma travessia, ou atravessamento, traduzindo o sentido da Erfahrung de Hegel, encontramos aí o mesmo radical Fahr, que compõe a palavra alemã para perigo: Gefahr. Este risco, que não é outro que o risco do próprio existir, não é erradicado pela presença das câmeras; ele é, ao contrário, catalisado. A retórica que reivindica segurança através de câmeras de monitoramento lida com a imagem como dado de controle, mirando ‘alvos’, ‘targets”. Aqui, por outra, buscamos a liberdade de mirar e deixar-se atravessar por algo que se constrói com nossas vistas (câmeras), e para isto estamos preparados, prontos, atentos, em guarda, ativos. As câmeras são, literalmente, mirantes, dispostas do alto com sua visão de 360o. Como no Mire, veja de Guimarães Rosa, a câmera de vídeo-vigilância mira primeiro, e o que ela vê é contingência."

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