sexta-feira, 30 de julho de 2010

#2

Ah! Respiração longa. Saindo da gripe, que me derrubou na quarta-feira. Tomando Targifor, Trimedal e chupando laranjas, voltei, hoje, correndo atrás para pegar o fluxo da semana. Que bom que esse blog existe. Dá pra entrar um pouco na "vibe", afinal esse processo está a todo vapor!!!!

Hoje, a proposta da Dani era chegar, combinar as idéias entre as pessoas e ir direto para a rua. O difícil, foi ter que adaptar as propostas à configuração da praça com a feira. Foi duro. Mas, galera, temos que ter sagacidade para encarar essa situação, pois talvez ela faça parte dos dias de apresentação.

De volta ao teatro, fizemos algumas considerações muito legais sobre o que foi feito. Em primeiro lugar, chegamos a conclusão de que propostas muito "porosas" precisam ser tentadas várias vezes e se preciso ajustadas de uma tentativa para a outra, ali mesmo na praça. Com objetividade.

Legal também, como disse Dani, poder separar as propostas por famílias. Por exemplo, pode se dizer que o "abraço" e o "acidente" (não consigo parar de dar nome às coisas!) são do mesmo sangue, pois se assemelham por lidarem ambos com a repetição de partituras, mas possuem diferenças, pois o primeiro lida com uma ação corriqueira e o segundo com uma ação que chama atenção de quem passa.

Alías sobre chamar atenção de quem passa, também poderíamos pensar no "acidente" como um início de proposta, que incorpora a participação das pessoas ao redor à composição. O exemplo disso seriam os trabalhos do Francis Alys, que estamos citando o tempo todo, em que ele torna as pessoas da cidade em participantes do trabalho.

Agora, nos aproximando de discussões teóricas, queria introduzir a noção de "teatro de invasão" de André Carreira, professor do departamento de Artes Cênicas da UDESC (Santa Catarina), que na minha opinião, estabelece uma estreita relação com a proposta da nossa residência.

Carreira propõe redimensionar a noção de teatro de rua e refletir sobre um “teatro de invasão” que descobre “nas regras de funcionamento da cidade sua tessitura dramatúrgica”. A tarefa chave é refletir sobre o potencial da cidade, não apenas como cenografia, mas como dramaturgia. Essa mudança estaria relacionada, principalmente, com a reflexão de uma nova maneira de criar um espetáculo que acontece nas ruas.

Os artistas que estiverem envolvidos em um teatro de invasão, precisam repensar sua maneira de trabalhar a partir de algumas premissas. Uma delas é a proposição de que a cidade e seus fluxos são os elementos básicos para a criação da montagem. É a partir da experiência no ambiente da cidade que se descobrem os procedimentos cênicos de montagem de um teatro de invasão.

Isso implica em ter que, ao invés de considerar apenas o plano temático sugerido pela cidade, descobrir as “circustâncias dadas” através do trabalho do ator, que passa a ter que interagir com o espaço. Trata-se de um processo criativo que surge da experimentação da cidade e que não impõe as regras do teatro mas, que se constrói a partir das sugestões do fluxo da cidade

“Paradoxalmente, o teatro de invasão – que pretende irromper na cidade –, só será realmente invasivo se si deixar penetrar pelas dinânimicas da cidade. [...] Um teatro que invade deverá ter a capacidade de incorporar a cidade em seu discurso [...] Invadir é produzir fraturas momentâneas nos fluxos da cidade, e desde lugar propor também novas possibilidades para a cidade [...] a partir da compreensão desta com um lugar socio-cultural no qual todo cidadão pode propor novos ritmos, novos fluxos e novos sentidos.”

(Carreira)


quinta-feira, 29 de julho de 2010

áreas de atuação, pontos de vista

Paola e sua equipe de residentes vão fazer um mapeamento super detalhado de toda a área a partir deste sábado. Quarta que vem trabalhamos com eles tentando juntar as propostas.
Nas 3 primeiras visitas que fizemos ao local descobrimos já algumas possíveis áreas de atuação segundo possíveis pontos de vista.

da torre da igreja

do apartamento da Alcione, em dia de feira, aberto

dia sem feira, zooming

do prédio do São Luis

da escola


calçada da galeria Condor


calçada na esquina da Dois de Dezembro vista da garagem do prédio

Algumas primeiras experiências de produção de visibilidade no Largo do Machado.








Andrei Tarkovskij - Nostalghia

terça-feira, 27 de julho de 2010

Onde está o alvo?

O que é o que é?
Que está entre a imitação e a invenção? A ins-pir-ação
Que está entre a prosa e a poesia? O concreto
Que está entre o líder e o liderado? O não-autor
Que está entre seguir e propor? Despreocupar-se
Que está entre o passivo e o ativo? Algo dispara
Que está entre a flecha e o alvo? Desapegar-se

Fiquei pensando nesta qualidade de ATENÇÃO que estamos trabalhando e não pude deixar de lembrar um autor que fala sobre sua aprendizagem com arco e flecha com um mestre zen. É muito interessante ouvir o seu relato sobre como quanto mais ele se preocupa em acertar o alvo, mais ele erra. Ao mesmo tempo, esquecer de acertar o alvo é um exercício de desapego, mas com muita disciplina e treinamento. Como refinarmos nosso cultivo de atenção no Lgo Machado? É tanta riqueza de coreografia, são tantas flechas que são disparadas simultaneamente em inúmeras direções pelos pedestres, pelos pombos, pelos personagens identificáveis e não-identificáveis que não precisamos fazer quase nada no sentido de fazer ou ser ativo ou ser muito propositivo, mas temos que ter uma ATENÇÃO imensa para sermos alvos ou re-condutores de tais flechas. As flechas já estão todas aí: atiradas. Como seguí-las? Como ampliá-las? Como escondê-las? Como desviar suas rotas?

Trechos do livro "A Arte cavalheiresca do arqueiro Zen" (Eugen Herrigel) que ele nos oferece para este momento:
"Somente se o próprio arqueiro se surpreender com a saída de sua flecha é que o tiro sai suavemente"
"Não é o arqueiro que atira a flecha, a flecha é que se solta do arqueiro"
"Quando o arqueiro Zen dispara a flecha, ele atinge a si próprio"
"O que obstrui o caminho é a vontade demasiadamente ativa"
"Um tiro, uma vida"
"Com a extremidade superior do arco, o arqueiro trespassa o céu; na inferior está suspensa, por um fio de seda, a terra"
"A aranha dança a sua rede sem pensar nas moscas que se prenderão nela. A mosca, dançando despreocupadamente num raio de sol, se enreda sem saber o que a esperava. Mas tanto na aranha, como na mosca, algo dança, e nela o exterior e o interior são a mesma coisa. Confesso que me sinto incapaz de explicar melhor, mas é dessa maneira que o arqueiro atinge o alvo, sem mirá-lo exteriormente"

gesto #1

Aliás, esse é o meu primeiro post. Um rascunho de terça, que só consegui finalizar a edição hoje.


Recapitulando, sexta-feira passada, no segundo dia de residência, depois do exercício do cardume, conversamos sobre a dificuldade de se manter conectado ao movimento de quem lidera, quando achamos que já sabemos o que será feito. O resultado seria um gesto menos espontâneo do que o do líder e mais pròximo de uma forma. Ou como foi dito, no dia, "teatral".

Sobre isso, repeti o que o artista plástico, Cadu, me disse uma vez durante uma aula de desenho de observação. Ele falou sobre como diante de um objeto, tendemos a desenhá-lo a partir da imagem pré-moldada de nossas mentes e não com o que estamos relamente vendo. Para evitar isso, uma das estratégias é desenhar o objeto a partir de seus pedaços em branco, de tudo que não é o corpo do objeto. Isso significa que o desenho deve surgir de um olhar que tenta descobrir o objeto.

Ainda sobre essa reflexão do exercício, Dani lembrou de um trecho do livro da Anne Bogart, que tinha lido na noite anterior, em que ela relaciona a "presença" com a manutenção do interesse com o que se está fazendo.

De certa forma, tanto a estratégia do desenhista quanto a proposta da Anne Bogart têm em comum a característica de serem manobras, que o artista deve lançar mão para evitar que seu cérebro funcione de maneira previsível e o impeça de estar aberto para o diferente e circunstancial.

Ainda sobre a questão da repetição do movimento e da espontaneidade e da representação, pensei em algumas leituras e pesquisas, que pudessem me ajudar, como Kleist e seu livro sobre a marionete, ou o trabalho do João Fiadeiro.

Mas foi revendo os vídeos do Francis Alys (mais uma vez, neste blog!), que encontrei um bom trabalho que dialoga com essa questão. O trabalho em vídeo, "Re-encatment", que em português poderia ser traduzido como "Re-representação", apresenta um quadro dividido em dois, com dois planos-sequência com "ações" e "acontecimentos" praticamente idênticos. Na verdade, em um dos vídeos, o que se vê é registro a distância de uma "performance" do artista que ele sai andando pelas ruas do México com um revólver até o momento em que é preso pela polícia. Na delegacia, Francis explica sua performance e convence os policiais a participarem da segunda etapa, que consistiria em refazer tudo de novo. O resultado é o segundo vídeo, do quadro, em que nós vemos a ação sendo feita pela segunda vez.

Com base nisso, desenvolvi uma proposta, que se tiver como, vou apresentar amanhã.


Textinhos

Aí vão alguns dizeres inspiradores...
Uns trechinhos de "A Alma Encantadora das Ruas", do João do Rio, e outro do Guy Debord sobre a Deriva Situacionista. Eles falam um pouco desse estado que temos investigado, o de observador ativo, se é que posso chamar assim. Acho que talvez seja interessante pra gente.



“Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos de flâneur e praticar o mais interessante dos esportes – a arte de flanar.”

“Flanar é ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem. Flanar é ir por aí, de manhã, de dia, à noite, meter-se nas rodas da populaça, admirar o menino da gaitinha ali à esquina...”

“Flanar é a distinção de perambular com inteligência.”



(A Alma Encantadora das Ruas - João do Rio)


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“As grandes cidades são favoráveis à distração que chamamos de deriva. A deriva é uma técnica do andar sem rumo. Ela se mistura à influência do cenário. Todas as casas são belas. A arquitetura deve se tornar apaixonante. Nós não saberíamos considerar tipos de construção menores. O novo urbanismo é inseparável das transformações econômicas e sociais felizmente inevitáveis. É possível se pensar que as reinvidicações revolucionárias de uma época correspondem à idéia que essa época tem da felicidade. A valorização dos lazeres não é uma brincadeira. Nós insistimos que é preciso se inventar novos jogos”.

(Guy Debord)

Vídeos do Arnaldo

Volte para seu lar
http://www.youtube.com/watch?v=UA9emaiOfLw&feature=related
e
Sem você
http://www.youtube.com/watch?v=z4MgeUNZKi4&feature=related

Deriva urbana #4

visões do alto: o ponto de vista do poder: do alto e de cima
visões do alto: pássaros, santos e arranha-céus.
imagem roubada: ética da câmera
acesso limite fronteira permissão - sons derivados: alarmes oi moça posso fotografar da sua janela?
e se prendêssemos as câmeras nas árvores, como trepadeiras?
fronteiras, limites, cruzamentos, grids
contra-plano terraço Oi Futuro
coleção de sons: feira sendo desmontada
Notas de passeio:
Para a coleção de sons:
Alarmes de garagem - (tema permissão e acesso)
Feira sendo desmontada: tábuas, ferros batendo. (a feira acontece na 3a. feira)

Temas para trabalho:
Fronteiras, limites
Ficções: Peter Lorre e o Jacaré (máscaras)
Invasão - o ser estrangeiro num território. (Bob Mac Ferrin vocifera contra nossa câmera - como chegar, como abordar? O que pode uma câmera? O que diz a mira de uma câmera?)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

reflexo na água do chafariz e prédios

a imagem distorcida da imagem real, tb chama a atenção de quem senta a beira do chafariz 

personagens clássicos do largo do machado

ou


Como me torno visível neste espaço? Como me torno invisível ?
ou
Da camuflagem à cara de pau - estratégias possíveis para aparecer e desaparecer no Largo do Machado
ou
Onde está Wally?
ou
A norma e o desvio
ou
Exercícios de pertencimento e deserção
ou
Como me tornar suspeito em 10 segundos
ou
Como fazer da experiência ordinária uma epifania
ou
Será que o mundo se deslocou de repente?
ou
Jogo dos sete erros
ou

mapa

REconhecer o Lgo. do Machado. Observar os pedestres que ocupam a praça, seus diferentes padrões posturais, ritmos, gestos, ações, direções e jeitos de olhar, de andar, de parar, de sentar, de se agrupar, de ocupar o espaço. Observar indo junto, se apropriando, fazendo parte dos grupos, conhecendo pela experiência de copiar os diferentes fluxos, de tentar pertencer, entender no corpo quais são os vocabulários e as dinâmicas gestuais próprias daquele lugar. Como numa aula de dança sem um professor determinado, mas cujo vocabulário é razoavelmente conhecido por todos, uma aula onde podemos nos apropriar/copiar/receber a proposta de qualquer pessoa e onde qualquer pessoa pode se apropriar/copiar/receber nossa proposta.

Listar, por escrito:

- ações presentes na praça

- personagens identificáveis

- objetos

- padrões, linhas, desenhos, topografia, relevos, arquitetura

- texturas

- sons

- rotas/fluxos mais frequentes de pedestres

Como pode ser este mapa?


segunda semana

Chegaram Francisco, Fernanda, Stella e Alessandro. Novamente trabalhamos olhar periférico, tentando agora dividir a atenção com outros focos - 1 pessoa específica, o grupo, o espaço. Começamos a tentar movimentos de grupo. O grupo é grande e heterogênio, nos conhecemos pouco, são muitas as propostas, a energia é alta, talvez pudéssemos ter mais calma e mais escuta. Talvez seja legal fazer exercícios com regras mais delimitadas, mais específicas. Talvez seja legal dividir o grupo em 2 para certas práticas.


domingo, 25 de julho de 2010

corpo-forma-côr-espaço

 Flávio Franciulli me mandou o link desse trabalho que fez com o coreógrafo Willi Dorner na França. Comentei no post da Luar a conexão formal/semântica de corpo com o espaço público, mas como não consegui postar as fotos, ai vão. Mais fotos no facebook do fotógrafo Didier Garcia.




Epouser l'asphalte. Se lover dans les plis d'une façade. S'imbriquer dans une contre marche. Jouer avec les dénivelés, les accidents, les cicatrices d'une rue. Willi Dorner imagine des sculptures de corps capables de révéler la face cachée des villes qu'il arpente.


Héritier indirect des performeurs qui, dans les années 60, descendent dans la rue pour combattre l'architecture déshumanisante des mégapoles américaines, le chorégraphe autrichien se souvient que la portée poétique du mouvement peut réveiller les sens latents de la cité.








sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ainda sobre as possibilidades de conexões


Acho que de certa forma, essas imagens do trabalho de Oppenheim tem relação com tudo isso e podem acrescentar um pouco no nosso estudo sobre as possibilidades de conexões.
Dennis Oppenheim, Parallel Street, 1970.

conexões possíveis

Segundo dia de residência. Chego atrasada, meio speed.
Todo o dia hoje pra trabalhar conexão, escuta e resposta. Conexões temporárias. Propor e seguir. Ser assaltado pelo movimento do outro, se deixar surpreender, ser tomado por alguma coisa que te chama a atenção ou roubar, se apropriar, copiar. Que possibilidades de conexão ?
Tempo - decisão: tomar decisões juntos, fluir juntos, uníssono, contrastes, ritmos, intervalos, cânons, pausas, durações, velocidades
Espaço - atenção: o olhar (aonde localizo minha atenção), espaço inter-relacional, distância, direções, níveis, planos, amplitude/tamanho, padrão de chão (ortogonal, diagonal, circular), percurso/trajetória (que desenho risco no espaço com um deslocamento ou que desenho risco no espaço com um gesto ou que desenho riscamos no espaço numa formação de grupo), perspectivas (de onde observo/de onde me observam)
Cardumes: liderança compartilhada, desapego, generosidade, simultâneo e não sucessivo. O desafio do não congelar o olhar, de não interpretar ou grifar ou estilizar o gesto.
Tenho a impressão de que o gesto ganha uma qualidade diferente quando é premeditado, quando é antecipado como mapa mental, como se ficasse mais circunscrito no tempo, mais delineado, como se perdesse um pouco sua qualidade de presente.... sei lá.
Fabrício fala sobre aulas de desenho de observação, sobre as estratégias pra fugir de uma imagem mental pré-moldada. Deu vontade de saber mais sobre isso.
No livro da Anne Bogart, the View Points Book, ela descreve presença de um jeito interessante, que tem relação com isso tudo: "Presence is related to personal moment-to-moment interest; interest is something that cannot be faked or indicated. (...) Be aware of the moment when you lose interest, the moment that you stop allowing new information in."



quinta-feira, 22 de julho de 2010

e-mail do Guilherme Guerreiro

Hoje, as 18h, na frente do KFC, já era noite. Com algumas fracas luzes do KFC iluminando o espaço. A loja de colchões ainda estava aberta com uma caixa de som ligada na rádio. Uma barraquinha de cachorro quente ocupava o espaço vazio. Bob Mcferrin conversava na outra diagonal da rua. Às 18:01 um performer estátua pintado de verde, parecido com o Hulk, carregando seu banquinho e sua fantasia e vai embora. Às 18:02, carros da polícia e da guarda metropolitana páram subitamente, homens descem e começam a recolher os artigos piratas dos camelôs, do outro lado da rua, na frente do KFC, enquanto alguns gritam: Ó o Rapa! Ó o Rapa!

just

Comentando o comentário do Fabrício...

quarta-feira, 21 de julho de 2010


Falamos sobre um olhar que cria espaços, inventa situações, subverte a ordem. Vale a pena conhecer a obra incrível do Francis Alys, e sobre esta questão do olhar específicamente ver o vídeo "Looking up".

falando sobre



Experimentar, conhecer, partilhar, observar, discutir, ouvir, perguntar, propor, selecionar
Histórico – 2008 Halle, Alemanha, vigilância no espaço público  - a quem pertence o espaço público? O que é permitido/proibido ai? O que é suspeito, fora da ordem local, estranho, o que chama a atenção, o que interessa, a quem interessa ?
O olhar do ponto de vista da câmera de vigilância, a perspectiva de cima - achatamento, bidimensionalização, dimensão de mapa
“Poética do cotidiano” - códigos e regras que determinam o comportamento de um grupo – identidade – como se dá a ver – regras que seguimos para pertencer a um grupo, que nos constroem enquanto ocidentais, latinos, brasileiros, mulheres, artistas, bailarinos, cariocas, classe média .... / gestual cotidiano
Cartografia do Largo do Machado - mapear a utilização do espaço, conhecer os registros de ações e movimentos,  de tempo, de fluxo
Estratégias de visibilidade/invisibilidade – partituras, diagramas, regras, jogos  de aparição e desaparição, se destacar e se misturar, se fazer notar e sumir, ser igual e ser diferente
Ações potencialmente suspeitas, individuais e coletivas – correr, deitar, gritar, trocar de roupa ...  multidão, festa/rave, manifestação de protesto ...
Treinar a escuta, a resposta imediata, a composição instantânea, a diversificação e a manipulação das ferramentas espaço, tempo, gesto, fluxo...


primeiro dia

Começamos a residência hoje no Cacilda Becker, gentilmente cedido pela Cia Híbrida que atualmente ocupa o teatro. Apresentei o projeto e minhas idéias de trabalho pra este mês. Senti falta da Paola. Fizemos o jogo de apresentação/memória/acumulação para todo mundo se conhecer um pouco.
Túlio está no colégio de freiras meio deprimido e os amigos riem dele. Carla gosta de inventar e joga a agenda com todos os compromissos pra cima no Largo do Machado. Carolina solta pipa e esbarra em alguém, depois encontra um Exu Cola Grau de capa azul, que lhe dá um livro pra assinar. Malcolm está na casa da avó e depois feliz de dizer pra mãe que conseguiu. Eleonore é francesa, vê um homem de barba, faz bolinhas com a boca e está num jardim, feliz. Tony Hewerton lembra de palavras-chaves, namora na roda gigante e faz ola com 90 mil pessoas num estádio de futebol. Shirlene ajuda o pai a consertar alguma coisa na garagem e senta numa pedra pra olhar o mar. Bruno tem 29 anos, se emociona esperando o nascimento do filho e 25 anos depois senta-se com ele numa mesa para contar sua vida de artista. Se impressiona com o flashmob da estação de trem. Fabiana tem muito sono pq veio de SP durante a noite, vê a mãe cozinhando sentada num carrinho e dá aulas de história da dança na UFBA, ela não vem na sexta. Juliana brinca de Rambo sobre um muro fino e alto e depois bebe cerveja gelada com os amigos num copo Nadir Figueiredo. Fabrício quase é atropelado por um ônibus andando de bicicleta, tá muito feliz pq se formou na faculdade, viaja para Berlim e pede um suco de laranja. Thiago tá morto de fome, o cara das bananas e tangerinas não estava na esquina, chora pendurado numa grade e a irmã vem consolar, dá um mergulho no Arpoador e fala da dificuldade de manter o gesto cotidiano tal qual é qdo ele se torna conscientemente extra-cotidiano. Renato, 27, joga bola sem camisa numa rua de Bangu que ele não lembra o nome,  se vê dançando em cena. Flora faz cabana de lençol no quarto e segura as chaves de casa momentos antes de por na fechadura. Luar anda num campo com flores altas, na altura de seus ombros, está em casa e ouve pessoas falando. Dyonne está num momento de importantes decisões, fala de propor e seguir, de linhas e pontos, de ordem e caos, se veste de Frenética e vai para o carnaval com os amigos. Naiá é de SP, se deita com um amigo no chão e fecha os olhos, segura um bebê no colo. Stela brinca de jogar bolas de areia na praia e espera o ex-marido pra uma conversa na praça. Dani tem 45, está  feliz, come mingau de aveia sozinha e deita numa grama olhando a filha com o namorado.

terça-feira, 13 de julho de 2010

perguntas para a técnica


do ponto da garagem do condominio catete business é possível avistar o terraço do oi futuro

seria possível, transmitir por link a imagem do pátio, lá embaixo?