Carreira propõe redimensionar a noção de teatro de rua e refletir sobre um “teatro de invasão” que descobre “nas regras de funcionamento da cidade sua tessitura dramatúrgica”. A tarefa chave é refletir sobre o potencial da cidade, não apenas como cenografia, mas como dramaturgia. Essa mudança estaria relacionada, principalmente, com a reflexão de uma nova maneira de criar um espetáculo que acontece nas ruas.
Os artistas que estiverem envolvidos em um teatro de invasão, precisam repensar sua maneira de trabalhar a partir de algumas premissas. Uma delas é a proposição de que a cidade e seus fluxos são os elementos básicos para a criação da montagem. É a partir da experiência no ambiente da cidade que se descobrem os procedimentos cênicos de montagem de um teatro de invasão.
Isso implica em ter que, ao invés de considerar apenas o plano temático sugerido pela cidade, descobrir as “circustâncias dadas” através do trabalho do ator, que passa a ter que interagir com o espaço. Trata-se de um processo criativo que surge da experimentação da cidade e que não impõe as regras do teatro mas, que se constrói a partir das sugestões do fluxo da cidade
“Paradoxalmente, o teatro de invasão – que pretende irromper na cidade –, só será realmente invasivo se si deixar penetrar pelas dinânimicas da cidade. [...] Um teatro que invade deverá ter a capacidade de incorporar a cidade em seu discurso [...] Invadir é produzir fraturas momentâneas nos fluxos da cidade, e desde lugar propor também novas possibilidades para a cidade [...] a partir da compreensão desta com um lugar socio-cultural no qual todo cidadão pode propor novos ritmos, novos fluxos e novos sentidos.”
(Carreira)