“As coisas acontecem sem que você tenha planejado. Sigmund Freud diz que não existe uma tal coisa como um acidente. Pode um acidente ser um sinal? Poderia ser um pedido de atenção? Um acidente contém energia - a energia de formas descontroladas. Normalmente, quando as coisas começam a desmoronar nós as puxamos de volta. Queremos reaver. Esse impulso pode ser contido? Podemos acolher a energia de uma ocorrência acidental?”
Traduz um pouco minha sensação... tanto do encontro com a rua nestes dias, quanto de um dia como o de ontem (quando tivemos que organizar muitas pessoas em muitas tarefas).
Tenho que conter meu impulso de “salvamento” a todo momento (o João Fiadeiro fala muito disso também) e aceitar o acidente. Do ônibus que atrasa, dos horários que não batem, das pessoas que não se comunicam.
O tempo todo vejo as coisas desmoronarem, mas só ajo quando é inevitável. Não salvo nada nem ninguém, porque não ajo antecipadamente.
Ontem tive a sensação de que (lá na praça, no final) ficamos tentando salvar o “quadro”. E a resposta à isso foi que os acidentes começaram a acontecer mas foram ignorados por nós. Se o acidente contém esta energia, como diz no texto, como nós a acolhemos? Fiquei pensando...
Como é essa relação com a câmera? Fixada uma câmera, parece que não podemos mais errar, muito embora saibamos que, em nosso trabalho, o erro é a parte mais viva... Tem sido bem importante poder repetir as experiências e provar dessa possibilidade do “erro” virar uma outra coisa... Visível, uma esquisitice, desencaixada, destorcida...
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