Pensando ainda sobre a questão da visibilidade –invisibilidade encontro-me muitas vezes em um lugar mancha, como uma zona de indicernibilidade, em que na real o que me move não é estar em um ponto ou outro, mas sim no transito entre eles. Explico.
Essas qualidades de visibilidade e de invisibilidade não devem ser consideradas talvez como foco das ações que se propõe no espaço, mas sim essa intermitência entre ser visível e ser invisível, entre intervir e escutar. Nessa intermitência da presença consigo me relacionar com as minhas atenções que transitam o tempo todo e posso decidir onde e no que focar. Quando foco, estabeleço uma qualidade nessa presença, povoada de nuances de movimentação, de intervenções e não intervenções, de possibilidades de jogo com os diferentes tipos de espectadores que podem escolher se relacionar comigo, assim como eu com eles. E tudo isso tem uma duração, um suspiro ou a velhice.
Uma vez me disseram que a realidade é aquilo que insiste. O que insiste é totalmente relativo às nossas atenções. Como movemos o corpo é totalmente relativo às nossas atenções.
Quero dançar na rua. É isso que eu sei fazer, acho. Vislumbro caminhos e possibilidades em grupo de como isso pode ser possível, porém nessa zona de indiscernimento, em que sou bailarina, mas ao mesmo tempo sou luciana, alta, loira e viajo. Tento não me fechar em uma possibilidade. Dessa forma não estabeleço uma fixação que me exclui do lugar que quero atuar. Se ao contrario me permito escutar, posso voar, dançar, calar na rua e o jogo da presença vai delineando jogos, ações, movimentos e conversas com o espaço e com o outro.
Um comentário:
Lu, fico pensando e se ao invés de existir sempre o trânsito entre escutar e intervir, dar a ver e esconder, existisse também a possibilidade de uma ação-escuta ao mesmo tempo? intervenção-contemplativa, não sei que nome dar. seria este o espaço de indiscernimento?
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